descrição
Atravessa a estrada cedo, mais cedo do que o tempo, as pernas apoiadas no cansaço e grita a fúria de tudo querer aprender antes que a morte chegue, ele que na vida tantas vezes morreu, outras tantas nasceu, como todas as coisas que a Natureza chama pelo nome.
Desta vez é sério, pensa, é sério, sim, porque sinto o precipício que se abre em cada verso, essa chuva maldita que encharca os ossos, afaga o pelo do casaco, enrola um cigarro e despede o fumo, o esófago, os pulmões, infringe regras, grita impropérios, insulta como uma puta quando lhe tocam no sangue que apenas corre pelo lado de dentro, longe do coração, com medo de novamente perder o itinerário da liberdade, desta vez é sério… e a morte chega, por fim, num trilho de solidão amaciando o vazio dos dias, hoje tão distante das estações sonhadas e do primeiro jardim onde ofereceu girassóis.